sexta-feira, 12 de outubro de 2012

OS NOSSOS DEDOS
Sophia de Mello Breyner Andresen


Os nossos dedos abriram mãos fechadas
Cheias de perfume
Partimos à aventura através de vozes e de gestos
Pressentimos paixões como paisagens
E cada corpo era um caminho
Mas um se ergueu tomando tudo
E escorreram asas dos seus braços.

Florestas, pântanos e rios
Viajámos imóveis debruçados,
Enquanto o céu brilhava nas janelas.

E a cidade partiu como um navio
Através da noite.

Sophia de Mello Breyner Andresen (1991). Obra Poética I (2ª Ed.). Lisboa: Editorial Caminho. p. 160.

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